Um sorriso negro. Rosário na minha vida!


 Ela era magrinha  devota. Vizinha da minha vó Carmen em Ramos. Início dos anos 50. Eu adorava pegar na suaĺ mão negra e virar pra ver a palma branca.

Um dia perguntei porquê.  Ela me respondeu assim . Porquê Deus quis seus filhos desiguais e amigos.  Rosário foi minha primeira amiga negra.  Era bem mais velha que eu. Como eu a admirava dando aulas de catecismo.  Gostava de ser guiada pela sua mão.  Adorava ouvi-la cantar os hinos. E muito depois quando estudei sobre escravidão deduzi que sua origem era cruel pois seus ancestrais vieram forçados para o Brasil.

Há alguns anos eu a abracei pela última vez.  Na festa de aniversário da Dona Carmen . Disse que pegou emprestado o livro que escrevi e gostou.  Magrinha. Elegante.  Os cabelos embranquecendo. Rosário foi minha referência de negritude. Conformada. Amiga. Risonha.  Vos suave.  Quando estudei Manuel Bandeira em vez de Irene era de Rosário que eu lembrava.  Rosário preta. Rosário boa. Rosário sempre de bom humor. Não tenho certeza de quantos beijos lhe dei na minha infância.  Era uma sensação de beijar pedindo perdão pelo que fizeram contra sua raça. 

Hoje, minha consciência negra passa por todas as Rosários e todas as mulheres negras com quem fui cruzando.  Umas guerreiras. Estão muito além dos brancos opressores.  

Rosário.  Homenageio você e todos os negros maltratados. Seus irmãos de cor mas sou também sua eterna irmã.  Basta juntar nossas Palmas das mãos.  E lembrar com saudade da sua voz sussurrando. DEUS QUIS ASSIM. 

ROSÁRIO?  MAS ESTAMOS VIRANDO ESSE JOGO.  O QUE DEUS QUER É AMOR E RSSPEITO ENTRE NÓS. 


CIDA TORNEROS 

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